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seletivos nos requisitos escolares exigidos e
onde se encontram os estudantes com menores
recursos (Cunha, 2011, p.268).
Quanto a esta implementação opiniões
favoráveis e contrárias são percebidas em
diferentes instâncias da área educacional. Para
uns, ao Reuni
*
caberia popularizar o acesso ao
ensino superior por parte de classes populares,
mediante medidas que compreende o Prouni
**
,
o sistema de reserva de vagas para estudantes
negros, indígenas entre outros; os alunos que
vêm da rede pública de ensino básico.
Nas análises de Orso (2007), na proposta
do Reuni o discurso é sobre a necessidade de
democratizar o acesso e ampliar o número de
vagas na universidade pública, com melhoria da
qualidade de ensino. Analisando esta questão em
uma perspectiva mais ampla “[...] veremos que a
razão maior da reforma se encontra na crise pela
qual o capital está sendo submetido e no endivi-
damento externo” (p.6).
* A expansão da Rede Federal de Educação Superior teve início
em 2003 com a interiorização dos campi das universidades fe-
derais. Com isso, o número de municípios atendidos pelas uni-
versidades passou de 114 em 2003 para 237 até o nal de 2011.
Desde o início da expansão foram criadas 14 novas universida-
des e mais de 100 novos campi que possibilitaram a ampliação
de vagas e a criação de novos cursos de graduação. A terceira
etapa da expansão da educação superior compreende a criação
de quatro universidades federais que serão instaladas no Pará,
no Ceará e na Bahia e a abertura de 47 campus universitários.
Desses campus, 20 serão instalados até 2012 e os outros 27,
até 2014. Já a expansão da Rede Federal de Educação Pro-
ssional, Cientíca e Tecnológica terá 208 novas unidades,
distribuídas em municípios dos 26 estados e no Distrito Fede-
ral. Ministério da Educação – MEC – 2010 – Brasil.
** É o programa do Ministério da Educação que concede bolsas
de estudo integrais e parciais de 50 % em instituições privadas
de educação superior, em cursos de graduação e sequenciais de
formação especíca, a estudantes brasileiros sem diploma de
nível superior.
Fica aquém das propostas sociais do Estado,
quando vericamos o documento do Minis-
tério da Fazenda, de 13 de novembro de 2003,
denominado de Gasto Social do Governo Central:
2001 e 2002, que indica um roteiro para ampla
reforma do gasto social no Brasil, esclarecendo
que o modelo de nanciamento das instituições
públicas de ensino superior foi considerado um
obstáculo às metas sociais do governo. Em seu
teor mais importante, o documento expressa que:
A composição salarial dos estudantes brasi-
leiros é um bom exemplo do que no país
‘os mais ricos’ se apropriam de uma grande
fatia dos gastos públicos na área social. No
nível do terceiro grau, o governo estaria
destinando aproximadamente 46% de seus
recursos, beneciando ‘apenas indivíduos
que se encontram entre os 10% mais ricos da
população’ (Silva, 2007, p.110).
Com percepção similar se manifestaram
Cêa e Reis (2007) a respeito do conteúdo do
documento Reforma da Educação Superior
rearmando princípios e consolidando diretrizes,
com divulgação em agosto de 2004.
Cêa e Reis (2006) entenderam que:
A ideia de que as propostas do Governo Federal
para o ensino superior objetivam a realização
de uma ‘reforma’ aqui é rechaçada. O termo
reforma é associado à ideia de consertar,
restaurar, melhorar, ampliar direitos. Susten-
tamos que o que se opera, de fato, é uma
educ. humanismo, Vol. 19 - No. 32 - pp. 110-125 - Enero-Junio, 2017 - Universidad Simón Bolívar - Barranquilla, Colombia - ISSN: 0124-2121
http://revistas.unisimon.edu.co/index.php/educacion/index
Yolanda Zancanella