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E
STRESSORES
O
CUPACIONAIS
EM
P
SICÓLOGOS
C
LÍNICOS
B
RASILEIROS
Psicogente, 18 (33): pp. 104-116. Enero-Junio, 2015. Universidad Simón Bolívar. Barranquilla, Colombia. ISSN 0124-0137 EISSN 2027-212X
http://publicaciones.unisimonbolivar.edu.co/rdigital/psicogente/index.php/psicogente
INTRODUÇÃO
O trabalho é um importante aspecto da qualida-
de de vida das pessoas. Embora tenha efeito benéfico,
também, tem se apresentado como fonte de múltiplos
riscos à saúde mental dos trabalhadores (Nieuwenhuij-
sen, Bruinvels & Frings-Dresen, 2010). O estresse ocu-
pacional é um desses riscos que comprometem o bem-
estar do indivíduo (Koltermann, Koltermann, Tomasi
& Horta, 2011). Profissionais, geralmente, buscam satis-
fação e realização no seu trabalho, no entanto estar sob
o estímulo de constante pressão, que exija muito esforço
físico, mental e emocional no trabalho, pode resultar em
estresse ocupacional (Furegato, 2012).
Os estressores organizacionais podem ser de na-
tureza física (barulho, ventilação e iluminação do local
de trabalho) ou psicossocial (fatores intrínsecos ao tra-
balho, aspectos do relacionamento interpessoal no tra-
balho, autonomia/controle no trabalho e fatores relacio-
nados ao desenvolvimento da carreira) (Paschoal & Ta-
mayo, 2005). A competitividade, a busca pela segurança
pessoal e econômica e a competência profissional, têm
sido também apontadas como importantes estressores
laborais nas mais diversas profissões (Furegato, 2012).
Revisão sistemática da literatura realizada por Nieuwen-
huijsen et al. (2010) aponta, como importantes estresso-
res relacionados a problemas de saúde, as altas deman-
das e o baixo controle sobre o trabalho, falta de apoio
de colegas e chefias de trabalho, iniquidade relacional e
desequilíbrio entre elevado esforço e baixa recompensa.
Estudos sobre o estresse no trabalho, nas mais variadas
categorias profissionais, têm sido objeto de pesquisa na
atualidade, em âmbito nacional e internacional (Cole-
ta & Coleta, 2008; Devereux, Hastings, Noone, Firth
& Totsika, 2009; Koltermann, Koltermann, Tomasi &
Horta, 2011).
O profissional de saúde, categoria na qual se
incluem os psicólogos (Ferrari, França & Magalhães,
2012), dada sua especificidade de trabalho, envolve-se
em condições e rotinas de trabalho tangenciadas pelo
estresse laboral, o que pode resultar em vivências de
adoecimento (Lasalvia, Bonetto, Bertani, Bissoli, Cris-
tofalo & Marrella, 2009; Soares, Souza, Castro & Al-
ves, 2011). Particularmente, a prática da psicologia está
permeada por demandas emocionais intensas, por vezes,
excessivas, que exigem uma relação próxima com as pes-
soas, o que a torna suscetível aos estressores ocupacio-
nais (Moreno-Jiménez, Meda-Lara, Morante-Benadero,
Rodríguez-Munõz & Palomera-Chávez, 2006).
Na contemporaneidade, o trabalho do psicólogo
permite inúmeras possibilidades de inserção, privile-
giando perspectivas de análise e intervenção em âmbi-
tos individuais e coletivos e em múltiplos contextos. As
necessidades advindas das mudanças sociais e, portan-
to, dos novos cenários sociopolíticos e econômicos pro-
vocam, além das ilimitadas oportunidades, o aumento
da complexidade e do estresse ocupacional (Macêdo &
Dimenstein, 2011). Em decorrência dessas mudanças so-
ciais, o desempenho dos profissionais da área da saúde
é acompanhado pela expectativa de altos níveis de com-
petência e de responsabilidade no seu trabalho, o que
contribui para a elevação do estresse ocupacional. Nes-
te sentido, tornam-se necessários investimentos quanto
ao conhecimento das situações geradoras de estresse na
vida das pessoas, considerando suas consequências ne-
gativas tanto em termos de produtividade, absenteísmo,
qualidade na prestação de serviços, assim como proble-
mas de saúde física e mental (Furegato, 2012).
O psicólogo clínico é um profissional que atua na
área da saúde realizando prevenção, tratamento e aten-
dimento psicoterápico individual ou grupal de crianças,
adolescentes, adultos ou idosos, exerce a atividade de
forma individual ou com equipes multiprofissionais em